terça-feira, 10 de dezembro de 2013

COMPAIXÃO (TERMINAL GUADALUPE)


Novamente não teria bolo. A vida é o presente.
A cadela soltou o ser estranho ali mesmo, na esquina da João Negrão com a Pedro Ivo. Cheirou-o. Lambeu-o. Caminhou um pouco e se deitou.
O terminal estava lotado. Hora de ir para o trabalho. O povo correu para perto do filhote. Carros desviavam. Palpitavam solidários com a cadela.
- É meu!
- Não, eu vi primeiro!
- É tão lindinho!
A cadela pariu mais três. Cheirou-os. Lambeu-os. Saiu caminhando.
Logo houve confusão. Pais e mães demais para quatro filhos. Lares de sobra.

No orfanato São Francisco Xavier, Carlinhos comia pão com margarina e tomava café com leite. Completava dez anos de vida e que fora deixado em um latão na Tibagi.

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