sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Chegou a conclusão que para ser feliz em um mundo individualista e insensível deveria endurecer seu coração.
Viveu mais alguns meses. Explodiu. Partes do amor guardado dentro de si puderam ser sentidas a quilômetros de distância dali.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

OFICINA DE CRIAÇÃO LITERÁRIA

Hoje realizei uma oficina de Criação Literária no FLIC - Festival Literário de Cascavel. Participaram alguns alunos e professores de Cascavel e Três Barras. Surpreendi-me positivamente com as análises e textos dos participantes. Enquanto a literatura continuar me surpreendendo é porque vale a pena continuar.










quarta-feira, 20 de novembro de 2013

sábado, 9 de novembro de 2013

O METALEIRO

– Você já viu aquele vizinho novo?
– Aquele que mora no térreo!
– Que cara esquisito! Vi hoje pela primeira vez.
– Não, eu nunca tinha visto... Só ouvia a bagunça dele.
– É, ele é menos barulhento que a piriguete que morava lá, mas...
– Sim, eu sei, já estou até arrependida de ter feito ela ser expulsa do prédio. Era bem melhor ver aquele monte de homens entrando e saindo do que ouvir essas músicas do satanás.
– Como ele é? Cheio de tatuagens. Cabeludo. Se fosse mulher, aquele cabelo ficaria lindo, mas homem com um cabelo daqueles! Tem mais, Otirípse, roupa toda preta e na camiseta o desenho de uma caveira.
– Não sei a diferença entre caveira e zumbi, mas é verdade, tinha cabelo e usava roupa. Acho que ele não sai do cemitério.
– Otirípse! Pode ser que ele seja daquelas religiões que matam e fazer sacrifício com os órgãos. Precisamos fazer alguma coisa!
– Agora entendo tudo! Agora entendo! Por isso que ele foi tão generoso comigo quando cheguei. Eu carregava duas sacolas, ele disse bom dia, nem respondi, mesmo assim teve a coragem de abrir a porta do elevador para mim. Fiz de conta que nem vi. Não dou confiança. Se faz de santo só para me conquistar. Ele quer meus órgãos. Conheço essa raça! Não me enrolam! Conheço bem!
– Precisamos dar um jeito dele sair daqui!
– A Jasmine disse que ele é professor. Professor? No meu tempo, professor ensinava, não andava dando mau exemplo. Professor cabeludo não pode. Professor tem que ouvir música clássica, não gritaria. Por isso que o Bruninho andava ouvindo essa porcaria de metal. Professor que ouve isso é má influência.
– Sim, Otirípse, o nosso neto, o Bruninho, se a gente não cuida, logo quer fazer tatuagem, colocar “pice”.
– Meu Deus! O que é isso? Vou chamar a polícia!
– Como não é nada demais? Olhe lá! Está com as crianças!
– Brincando? Sei!
– Como assim sem maldade? Não vê! Conquistando os pequenos para tirar proveito. Meu Deus! Se for um pedófilo! Vou chamar a polícia! Esse criminoso não pode andar solto por aí!
– Essa historinha de brincar sem maldade não existe!
– Alô! É da polícia!


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A PRIMEIRA VEZ A GENTE LOGO ESQUECE


Sempre ouvi falar que doía. Alguns dizem que chegam a chorar de dor. Antes, não achava necessário fazer, mas resolvi experimentar. “Que seja o que Deus quiser!”
Fui chamado para uma salinha lá no fundo. “Por que tão lá no fundo?”
– Preciso tirar a camisa? – perguntei.
– Sim.
Deitei-me onde a mulher me indicou.
– De barriga para baixo?
– Sim.
A mulher pareceu-me uma grande profissional, por isso me senti bem relaxado. Deitei e fiquei esperando.
– Pode abaixar um pouco mais o calção?
Bom, se é pra fazer, que seja bem-feito. Pode abaixar.
Cuidadosamente, ela fez o que havia pedido para eu fazer.
E eu lá, bunda de fora. Totalmente inofensivo. Pensei: “Agora vai!”
E foi! Um puxão, dois puxões, vários puxões. E passa algo lá atrás e mais alguns puxões. Dor? Dor nenhuma. Até estava gostoso, uns beliscõezinhos que pareciam massagem. Como eu queria que aquilo continuasse por mais tempo. Troço gostoso esse de se depilar.
Ah! Esqueci de comentar que minha esposa entrou junto. Acho que ela queria me ver gritando, olhar nos meus olhos e dizer:
– Tá vendo! Pensa que é fácil ser mulher!
Bom, tenho que admitir que entrei lá decidido a não transparecer o sofrimento, mas que sofrimento? Não teve sofrimento algum, amei essa tal de depilação.
– Doeu, amor? – perguntou-me quando terminou.
– Um pouquinho!
– Viu como não é fácil?
– Sim, agora entendo o que vocês passam!
– Vai querer fazer novamente?
– Se você me pedir, faço! Qualquer sofrimento vale a pena para ficar mais bonito para você.