sábado, 22 de novembro de 2014

BEST SELLERS

Lendo os mesmos livros
Vendo os mesmos laivos
Os mesmos olhos vendados
Os mesmos livros vendidos.

sábado, 15 de novembro de 2014

MANOEL

Todos
Barros
Passarão
Vieram
Vivem
Virarão
Barros

Um
Barros
Passarinho
Veio
Viveu
Voa
Barros.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O FIM DO XIBÉ

       Todas as mulheres da cidade invejavam a beleza de Luana, e nenhum homem passava por ela sem virar o pescoço. Moça educada, culta, mulher perfeita. Eduardo era um rapaz belo e de uma refinada educação, não trabalhava na medicina há muito tempo, porém, era muito bem conceituado na comunidade. Namoravam fazia já muito tempo e nem a distância durante os tempos de faculdade do rapaz fora capaz de diminuir o belo sentimento que nutriam um pelo outro. Era geral a certeza de que aquele seria um amor que duraria pelo resto de suas vidas. Não havia na região casal mais belo que aquele, caminhavam todas as tardes por pelo menos meia-hora esbanjando graça e saúde, o casal perfeito.
A cidade inteira conhecia Xibé. Ninguém sabia de onde ele veio, na verdade, ninguém sabia nada sobre o seu passado, ele nada falava sobre isso, aliás, era difícil arrancar uma só palavra de sua boca. Por que Xibé? Porque alguém um dia resolveu chamá-lo assim, ele dizia não ter nome e foi então que alguém disse: “Ele é feio como Xibé”, o apelido pegou e nunca mais alguém o chamou de outro nome. Tudo nele era torto: as pernas, a coluna, os dentes, o pescoço. Morava em um casebre dentro de um cemitério e pagava o seu cantinho e a comida que recebia com o seu trabalho ali. As crianças morriam de medo dele. As mães amedrontavam os filhos esbravejando: “Se fizer isso o Xibé vem te pegar”, ou “Olha que o Xibé passa e te leva”, ou “Olha o que acontece com quem não estuda, fica igual ao Xibé”. Não se sabia se ele era feliz, pois, nunca demonstrava qualquer sentimento. Quando não estava trabalhando, vivia no boteco bebendo, e as poucas conversas que tinha eram lá. Contava histórias difíceis de acreditar, de coisas que afirmava acontecerem durante as madrugadas no cemitério.
Faltava um mês para o casamento entre Eduardo e Luana quando ela caiu na cama. Foi uma doença um tanto estranha que a derrubou de uma hora para outra, o noivo não saia do seu lado, tentou estudar o caso, tentou buscar um medicamento eficaz, porém não teve tempo, pouco mais de vinte e quatro horas depois de adoecer sua noiva já estava sem vida.
Foi um baque tremendo para os pais. Não foi fácil ver a menina, que tinha uma promissora vida pela frente, toda feliz um dia e morta no dia seguinte. O noivo não se conformava, sentia-se incapaz, culpado, salvara tantas vidas e não fora capaz de encontrar a cura para a doença daquela que tanto amava.
O velório foi comovente. Toda a cidade chorou pela sua mais bela filha. O enterro foi triste, Xibé estava lá fazendo o seu trabalho, o noivo se recusava a se separar do caixão. O comércio todo fechou, todos pararam para se despedir. A população deixou o cemitério certa de que não esqueceria aquele triste dia.
Eduardo passou a fazer certo ritual diário. Todos os dias antes de ir para o trabalho passava no túmulo de Luana e lá ficava conversando com ela por algum tempo. Deixava uma flor e saia. Era comovente ver a cena que aconteceu até o dia anterior ao que Eduardo saiu aos berros portão afora:
- Violaram o túmulo dela! Violaram o túmulo dela!
Logo a notícia se espalhou e toda a cidade pôde comprovar que era  verdade. Não se comentava mais nada que não fosse o roubo da defunta, e, de conversa aqui, conversa ali, alguém disse ter visto o Xibé sair, na madrugada anterior, do cemitério com um corpo.
A conversa se espalhou como cheiro de feijoada em manhã de sábado e não tardou para um grupo liderado por Eduardo encaminhar-se até o cemitério.
A comitiva se dirigiu em direção a Xibé que não entendeu nada. Alguns carregavam paus, outros, pedras e até ferros. Ao perceber que era o alvo do ataque, Xibé começou a correr. A multidão furiosa correu atrás, encurralando-o contra o muro.
- Vamos matá-lo – gritou alguém da multidão.
- Não, esperem, se o matarmos podemos nunca saber onde ele colocou o corpo – gritou outro.
- Fale então desgraçado, ou vai morrer – gritou um terceiro.
- O doutor sabe muito bem onde ela está – respondeu o pobre coitado, olhando para Eduardo.
Mal teve tempo de terminar a frase, o infeliz caiu ao chão, vítima de uma porretada disparada pelo doutor. Morreu ali mesmo, apedrejado, seu sangue continua hoje lá, tingindo o muro lateral do cemitério.
Ninguém foi parar atrás das grades porque o coitado não tinha quem reclamasse por ele e todos os jurados concordaram que o noivo agiu por forte emoção.

Naquele dia, após sair do tribunal, Eduardo passou na casa dos “sogros”, depois foi até um bar que comumente frequentava, jantou e foi para casa, tomou seu banho e foi para a cama. Porém, ao deitar-se fez as mesmas coisas que fazia há algum tempo: beijou sua noiva, desejou boa noite, prometeu nunca se afastar dela e a amar por toda a sua vida.

PASTEL DE FEIRA

         A feira de que mais gosto é a da vila Fátima, às quintas, final de tarde. A barraca fica em frente à igreja de Nossa Senhora de Fátima, igrejinha pequena; a rua São Paulo vem, divide-se, contorna a igreja e vinte metros depois se junta, nunca entendi o porquê daquela pequena igreja-ilha, também não me interessa, nem católica sou, e, além do mais, não é por causa da capela que aquela é minha feira predileta.
         É o meu momento durante a semana. Só meu. Ele chega pouco antes das seis, deve trabalhar até cinco e meia. Vem direto do trabalho. Usa sempre uma camisa azul e calças pretas. É uniforme, isso eu sei, só  não sei onde trabalha. Nenhum bordado, nenhum crachá, nenhum amigo. Pouco fala.
         Sou eu quem sempre o atende. Há um pacto silencioso entre mim e as outras meninas. Não combinamos nada, mas Cibele atende o japonês loiro, Kátia atende o santista com cabelo Neymar, eu, meu moreno que veste azul. Sei o que ele vai pedir, primeiro um pastel de carne seca com abóbora. Minha mãe dizia que este vegetal faz sorrir, talvez seja por isso que ele tenha um sorriso tão lindo... Vou começar a comer mais abóbora. Depois, enquanto espera pelo pastel pede uma garapa; garapa, todos falam caldo de cana, ele não, e esta palavra fica tão bonita quando dita por ele, soa tão gostoso, tão perverso, parece me chamar... ga-ra-pa... Meu Deus! Tenho que parar de pensar nisso, sou moça decente. O segundo pastel que ele pede é de broto de bambu, imagino o bambu sendo mordido por ele, aquele crék que faz. Ah! Se fossem meus... Isabela! Que pensamentos são esses? Vou tomar outro banho gelado nesta noite... Uma mordida no pastel. Ah! Se o pastel fosse de broto de outra coisa que não bambu! O que estou dizendo?... Um gole de garapa, o líquido descendo pela garganta... Daria minha vida para ser o pastel, para ser apenas um gole daquela garapa... Quero sentir aqueles dentes, passar por aquela língua, descer por aquela garganta, quero... Meu Deus! Preciso de um banho gelado.
         Na quinta-feira passada ele perguntou meu nome, daqui a pouco ele chega, o que perguntará hoje?
         Ouço Cibele gritar que não tem mais pastel de broto de bambu. Ainda bem que eu deixei um escondido. Sempre escondo o que é importante.

         Lá vem ele! Que calor! Meu Deus! Preciso urgentemente de um banho gelado!

TUDO EM FAMÍLIA

        Eles nasceram no dia de natal, por isso, seus pais não tiveram dúvida ao escolherem seus nomes. Natan e Natália eram lindos, não desgrudavam nunca, estudavam juntos, tiravam notas altas e parecidas, brincavam com os mesmos brinquedos... Natan sempre protegia a irmã, e ela sempre encobria as traquinagens do irmão. Todos admiravam o amor que sentiam um pelo outro, os pais se orgulhavam de vê-los tão unidos.
Os dois cresceram e, quando entraram na fase dos namoros, não deram trabalho a seus pais. Saíam sempre juntos pela noite. Em uma dessas noites, Natan conheceu uma linda garota, pela qual se apaixonou fervorosamente, Natália aprovou o namoro e se tornou muito amiga da cunhada, e através de Luísa, esse era o nome da namorada de seu irmão, conheceu Luís, que nascera no mesmo dia e viera do mesmo ventre que Luísa. Ficaria tudo em família!
Quando saíam, os quatro iam juntos. Onde antes se acostumara a ver dois, agora se viam quatro.
Marcaram o casamento para o mesmo dia. Casaram-se na capela Nossa Senhora de Fátima. Naquele dia, não existia família mais feliz, os pais eram só alegria, como era bom ver os filhos bem casados e unidos até na hora de contrair núpcias, foi como se as duas famílias se acoplassem naquele momento. Os pais deixaram de ter dois filhos e passaram a ter quatro. Ficou tudo em família!
O início da vida conjugal foi espetaculoso. Em um domingo o almoço era na casa dos Gomes, os pais de Natan e Natália, no outro, dos Monteiro, pais da outra parte da família.
Moravam no mesmo bairro e na mesma rua, se faltava açúcar na casa de um, era só correr a casa do outro, se alguém tivesse uma dor de barriga no meio da madrugada, os irmãos acudiam, sentiam-se bem em poderem se socorrer.
Os homens eram sócios em uma loja de materiais para construção, as mulheres, professoras, porém em colégios diferentes. Eles não tinham hora certa para chegar em suas casas, no entanto nunca trabalhavam até muito tarde. Elas, no máximo, seis da tarde já estavam em seus lares.
Inicialmente, continuavam a sair como nos tempos de namoro, sempre os quatro, porém, como já dizia Mário Prata, ou seria Miguel Paiva? “Homem gosta de homem!” Veio a fase do futebol, das discussões depois do futebol; das rodadas de cerveja para falar da bunda da gostosa da Glória, que ia sempre à loja com aqueles seios pedindo para serem tirados do sutiã; das pescarias em que não se pescava nada, nem piranha; enfim, destas e outras coisas que mulher não gosta, só homem entende. Foi durante essa fase que surgiu o futebol de quinta à noite. Ambos gostavam de futebol, porém não praticavam esporte algum, daí veio a desconfiança das esposas, a resposta deles já estava pronta:
- Chega de sedentarismo, vamos virar atletas!
- Mas nunca vimos vocês jogarem futebol!
- Nunca é tarde para começar.
Claro que nunca iriam virar atletas. Para elas, isso mais parecia desculpa para uma escapada, no entanto, eles não davam motivos para elas desconfiarem que tinham outra. Decidiram acreditar no tal futebol.
Nas primeiras quintas-feiras, os homens iam ao futebol e elas ao cinema. No início, a invenção dos irmãos Lumière foi um ótimo programa, sentiam-se felizes juntas, porém, com o passar do tempo, aquilo foi enchendo, a fila incomodava e até a pipoca parecia não ter o mesmo gosto. Estava tudo muito mecânico, decidiram mudar de programa, e, na quinta seguinte, Luísa passou na locadora, pegou um DVD e foi à casa de Natália, lá assistiriam sem precisar se deslocar, lá se sentiriam mais à vontade. E Natália estava mesmo à vontade, tão à vontade que vestia uma camisola transparente. O filme era até interessante, Luísa, no entanto, prestara mais atenção na cunhada do que na tela e assim que os créditos apareceram, dirigiu a palavra a Natália:
- Sua camisola é linda!
- Gostou mesmo?
- Sim, muito.
- Comprei ontem. Uma menina, que trabalha no colégio, vende.
- Que legal!
- Se quiser comprar, ela deixa trazer para você ver.
- Será?
- Claro que sim. Quer ver a outra que comprei?
- Comprou outra?
- Sim, quer ver?
- Quero!
As duas subiram ao quarto.
- É linda, mas gostei mais da que você está usando.
- Acho que ela fica bem em você.
- Será?
- Quer experimentar?
- Não sei, fico envergonhada.
- Qual é? Somos quase irmãs.
- Quase irmãs... na verdade... cunhadas.
- Põe, fiquei curiosa para ver como fica em você.
- Tudo bem, me passa então!
Natália começou a se despir. Já havia deixado cair uma alça, deixando à mostra o seio esquerdo quando ouviram o barulho do portão, ao olhar pela janela, Luísa constatou que seus maridos estavam chegando.
- São eles!
- Vai descendo que irei em seguida.
Luísa nunca havia descido aquelas escadas com tamanha velocidade como naquela noite. Sentou-se no sofá e fingiu estar assistindo TV quando os dois entraram, Natália apareceu em seguida trajando uma camiseta e calças legging.
A esposa de Natan chegou excitadíssima a sua casa. Como podia a cunhada tê-la deixado toda molhada? Tentou apagar o incêndio que consumia seu sexo com o marido, porém este, após o banho, virou para o outro lado e cinco minutos depois roncava. Luísa se viu obrigada a saciar-se com as próprias mãos. Enquanto tocava-se, imaginava a cunhada: o seio à mostra, ela mordiscando aqueles mamilos, degustando-os com sua língua, a parte proibida que ela vira e imaginou como seria o que não avistara. Gozou... Dormiu pensando que sempre ouvira dizer que homem tem tara pela cunhada e ria sozinha ao pensar na esposa de seu irmão.
Na outra casa, Natália experimentara um sentimento diferente e gostoso em relação à cunhada. Não fez sexo naquela noite, nem sozinha, porém, ao tirar a calcinha, constatou que estava encharcada.
As duas passaram a imaginar como seria a próxima quinta-feira. Sentiram medo. Sentiram-se anormais. Sentiram-se como se estivessem fazendo algo muito errado, porém, o proibido parecia excitá-las.          
Como prometera, Natália trouxe as tais camisolas para Luísa, que acabou comprando algumas peças, a cunhada ainda comentou que seu irmão ficaria feliz ao vê-la por baixo de uma embalagem tão excitante.
Na quinta-feira, assim que os homens saíram para o futebol, Natália dirigiu-se à casa da cunhada. Conforme haviam combinado, cada dia o filme seria em uma casa. DVD em mãos. A cunhada a esperava vestindo uma linda e sensual camisola preta. Mal o filme começou e a dona da casa percebeu a intenção da cunhada, o filme era quentíssimo. Não havia nada ali que fosse capaz de segurar o desejo que uma sentia pela outra. Foi uma experiência nova e muito prazerosa, aliás, ambas jamais haviam experimentado sexo tão bom. Gozaram de uma forma que jamais imaginavam ser possível, e várias vezes. Descobriram que só uma mulher sabe exatamente onde a outra gosta de ser tocada, só uma mulher sabe quais são os pontos que levam outra à loucura, só uma mulher sabe fazer uma “borboleta de Vênus” perfeita.
As quintas-feiras passaram a ser os dias mais gostosos de suas vidas desde então. Às vezes, até tinham sexo com os maridos em alguns outros dias da semana, porém nunca era como quinta Pensaram em se encontrarem em outros dias, mas logo concluíram que não seria bom. Uma vez por semana estava ótimo, mais, estragaria.
Em uma dessas quintas, ainda na cama, Luísa comentou com a cunhada:
- Estou desconfiada que seu irmão é gay.
- Por quê?
- Andei achando algumas coisas esquisitas entre as suas coisas de  futebol.
- O quê?
- Algumas coisas estranhas.
- Fala logo. O quê?
- Lubrificante e camisinhas.
- Puta merda!
- Natália! Já parou para pensar em uma coisa?
- O quê?
- Este futebol deles, sempre tão demorado...
- Ainda bem, assim temos bastante tempo.
- Não é isso que quero dizer! Nunca desconfiou de nada?
- De quê?
- E se eles tiverem um caso? Se eles forem gays?
            - E daí? Fica tudo em família

sábado, 30 de agosto de 2014

TODO CRIMINOSO É BANDIDO DESDE QUE NÃO SEJA MEU AMIGO

Tenho acompanhado algumas discussões sobre o caso de racismo envolvendo o goleiro Aranha e alguns torcedores do Grêmio. 
Em primeiro lugar, quero deixar claro que não é apenas na torcida do tricolor gaúcho que há pessoas racistas. Os racistas estão em todos os lugares. Somos um país racista.
O que mais tem me incomodado é uma campanha em defesa da moça que chamou Aranha de macaco. Estão tentando defender o indefensável. Racismo e preconceito é crime! A moça foi pega "com a boca na botija", flagrante, crime! Mas vamos aos argumentos mais usados em defesa da moça:
- Aqui no Rio Grande isso é normal: se isso ainda é normal, já está na hora de parar de ser. Racismo não pode ser normal em lugar algum. A maioria dos gaúchos que conheço não acham que racismo é normal.
- A moça tem amigos negros: todo racista é obrigado a conviver com negros, depois que o negro consegue provar que é realmente "bom" para o racista, ele "deixa de ser negro". "O Zé Roberto joga no Grêmio e ela não o xinga." Deixa o Zé jogar em outro clube para ver o que acontece! "Todo criminoso é bandido desde que não seja meu amigo ou não esteja do meu lado." É assim que pensam pessoas como a moça.
- A moça não matou ninguém, não se pode condená-la, o crime é pequeno: o racista mata aos poucos, quem é professor sabe bem o que é pegar um aluno com baixa autoestima. Dá um trabalho imenso para reverter, quando é possível. Crime pequeno? Crime é crime! E esse é bem grande!
- Aranha é pior que macaco, por que ele está reclamando? Macaco é animal, assim como aranha: Ou o cara que diz isso é analfabeto funcional ou é hipócrita. O apelido Aranha é devido a ele parecer ter vários braços por ser capaz de fazer defesas incríveis. Chame um lutador de touro e chame um outro homem qualquer e veja a diferença.
E agora a pior de todas:
- O Aranha precisa procurar um psicanalista: esse argumento é bem típico daquelas pessoas que jogam a responsabilidade na vítima. Em caso de estupro, pessoas como essa culpam a mulher estuprada. Tenho pena!
Achar normal? Jamais! Preconceito e racismo é coisa de gente que não evoluiu.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Por que tantas pessoas se contentam em fazer igual?


É muito mais fácil ser igual. Poucos têm disposição para ficar justificando, o tempo todo, os seus atos, tidos como não convencionais. Muitos tentam ser diferentes, mas abandonam para não “ter aborrecimento”.
Quando jovem, assisti a um filme que me mudou, A Sociedade dos Poetas Mortos. Antes de assistir a esse filme, jamais havia pensado em ser professor, esse filme colocou em mim o desejo de ser professor de literatura. Adoro dar aula de gramática e de produção de texto, mas realizo-me mesmo trabalhando literatura, é o meu amor. É na literatura que consigo trabalhar do jeito que sempre imaginei. É aqui que consigo colocar um pouco do professor Keating que existe dentro de mim.
A maioria das pessoas acha esse filme maravilhoso, vibram com as aulas de Keating, mas muitas delas, quando veem um professor trabalhando de forma nada tradicional, torcem o nariz. Para muitos pais e, infelizmente, alguns professores também, nossos alunos não devem ter um professor que os permita questionar, formar opiniões, argumentar... E não é esse o papel da escola? Para muitos deles, nossos alunos devem ter na ponta da língua, por exemplo, os coletivos. “Silêncio, turma! Abelha... enxame, peixe... cardume, lobo... alcateia.” E de que adianta se saber o que é alcateia se não se for capaz de imaginar lobos correndo livremente no campo? Continuemos fazendo nossos alunos decorar verbos? Ou façamos com que eles realmente saibam utilizar a mais importante arma da humanidade: a linguagem? A escolha é nossa!
Resolvi ser professor para ser diferente da maioria dos professores que tive, pouco me acrescentaram, e viviam me tolhendo; e busquei o melhor dos poucos mestres brilhantes que tive. Foram poucos, mas foram especiais. Sou professor para fazer a diferença, não vim a este mundo para ser mais um, não quero ser apenas mais um professor.
Voltando a A Sociedade dos Poetas Mortos; nesta semana, assisti a esse filme três vezes com alunos de turmas diferentes. Em todas afirmaram que sou muito parecido com o professor Keating, o que me encheu de orgulho. Que não tenhamos o mesmo final!

Que meus alunos façam a diferença!

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

JORNAL

Não aprendeu a ler
Mas passava as noites com as letras
O papel mais importante de sua vida
Cobria-o na noite que não terminou.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

DICAS PARA INICIANTES NA MEIA MARATONA DAS CATARATAS

            A meia maratona das Cataratas é a prova mais encantadora do mundo. Não é uma prova difícil, mas se deve tomar alguns cuidados para vencer os 21.097m dentro de uma das 7 maravilhas da natureza.
            É preciso tomar muito cuidado com a umidade do ar, pois a corrida é toda dentro do parque, somente a chegada é fora, por outro lado, não se tem sol forte durante quase todo o percurso. E por falar em percurso, vamos a ele:
            A largada acontece a pouco mais de dois quilômetros do portão do parque. A largada é feita em terreno plano. Não largue forte! Vá buscando seu ritmo aos poucos. Procure se alinhar conforme seu ritmo. Deixe as posições da frente para os atletas que possuem pace abaixo de 4min/km ou perto disso. Deve-se ter bom senso e não se preocupe, pois o tempo que vale é o tempo líquido.
            Até o km 1, há uma subida e uma descida leves. Seguem-se subidas leves até o km 3,5 – ponto mais alto da prova. O primeiro posto de água se encontra aqui.
            No km 4, há uma descida de pouco mais de 500 m e declive de quase 20 metros. Tome cuidado para não forçar muito. Lembre-se de que apenas 1/5 da prova foi percorrido.
            Pouco antes do km 5 se chega ao Macuco Safári. É um ponto psicologicamente importante para os que já conhecem o percurso.
            O percurso se mantém praticamente plano até o km 7,5, poucas e fracas subidas e descidas. No km 6,5 há o segundo posto de água.
            Entre o km 7,5 e o 8 se chega à primeira grande dificuldade do percurso, a subida do Hotel das Cataratas, aproximadamente 500m e aclive de quase 20m. Vencida a subida, tem-se uma grande recompensa, a vista das Cataratas. Contornando o hotel, vem a descida mais forte da prova, aproximadamente 500m e 30m de declive. Redobre os cuidados, cautela! Cuidado com os joelhos. Depois, subida curta e acentuada e descida da mesma forma. Chega-se ao porto Canoas, Km 9,3.
            O retorno começa com o posto de água do km 9,5, depois se passa pela montanha-russa que se acabou de enfrentar. Pouco depois do km 10, a pior subida da prova, 30m de aclive em aproximadamente 500m. Metade da prova percorrida. Logo após o Hotel das Cataratas, tem-se uma descida forte. Aqui há o posto de isotônico, km 11.

            O percurso segue com subidas leves até o km 13, no km 12,5 há outro posto de água. Entre o km 13 e o 14, descidas leves. Chega-se ao Macuco Safári, 2/3 da prova ficaram para trás. Aqui se tem uma subida forte de 500m. Pouco após o km 15, atinge-se novamente o ponto mais alto da prova. No km 15,5 há outro posto de água.. Depois do km 15, é quase só alegria. Começa-se a descer, descidas leves até o km 19, no km 18,5 passa-se pelo Poço Preto. Quando se chega ao km 19, tem-se uma forte descida, mais de 1 km de descida e mais de 30 m de declive.  A prova termina em subida, aproximadamente de 1 km e 30 m de aclive, mas nessa subida, se faltarem pernas, sobra coração. Parabéns! Foi vencida a meia maratona das Cataratas. Hora de abraçar os amigos e comemorar muito.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

quinta-feira, 13 de março de 2014

QUERO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

14 de março - dia internacional da poesia. Minha homenagem aos transformadores de palavras. Com o maior lapidador de palavras da nossa língua.

sexta-feira, 7 de março de 2014

O PATRIOTA

De cor sabia de cor todas as datas comemorativas, todos os hinos, o nome de todos os heróis. Morreu assassinado. Na escola não ensinaram que brancos heróis fardados, na dúvida, atiram sempre para o mesmo lado.

quarta-feira, 5 de março de 2014

COXINHA

Para matar a fome, na juventude, roubou. Comprou, no ano passado, um carro importado. Hoje, segue a mídia e pede pena de morte, principalmente para os que cumprem pena de vida

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

RADIOTERAPIA

À minha grande amiga Rosineide Ibiapina

Sorriu, hoje, ao acordar e perceber que novamente já pode usar pente.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

SABEDORIA INFANTIL

- Olha aquele passarinho morto!
- ?
- Com o olho aberto?
- Claro!
- Mas gente quando morre não fica com o olho aberto.
- Fica sim! Nunca viu não? É outra pessoa que fecha.
- E se morrer dormindo?
- É, se cair um asteroide e a pessoa tiver dormindo... Aí ela fica com o olho fechado.


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

sábado, 11 de janeiro de 2014

DELÍRIO II

Buscou a esperança na linha do horizonte
Encontrou-a na linha do quintal em uma árvore
Pendurado.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

EVOLUAR

Íntimo sentimento faz destruída
Arde em fogo nojenta sinfonia
Busca luz entre a sombra que a esvazia
Cambaleia triste pobre alma podrida.

O corpo insiste em não virar comida
Mas enquanto ele queima, segue fria
Consome-se o que tem pouca valia
Cheia de calor congela-se esquecida.

Esquece, sai, abandona o podre lar!
Sem se contaminar internamente
Vai enquanto ainda não pôs se dominar.

Queira apenas voltar quando consciente
Que sua casa fará não lhe mermar
Descanse em paz, espírito descrente!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

ANO PAR OU ÍMPAR

Ano par
Eleições
Para tudo

Ano par
Copa ou Olimpíadas
Para tudo

Ano par
Para tudo
Para quase nada

Mas ano par ou ímpar
Não tem Carnaval?
Para tudo

Para nada.