segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

HISTÓRIA VERÍDICA DE UM ADULTO QUANDO ERA CRIANÇA


O menino achou um ovo.
O ovo era diferente.
O ovo era verde.
O menino colocou o ovo para chocar embaixo da galinha polaca.
A galinha polaca chocou o ovo.
Nasceu um dinossauro.
Era um dinossauro enorme.
Um dinossauro verde gigante.
O dinossauro usava botas.
Um dia eu vi homens usarem aquelas botas.
Foi no desfile de sete de setembro.
O dinossauro usava chapéu.
Um dia eu vi chapéus como aquele.
Foi no desfile de sete de setembro.
O dinossauro andava esquisito.
Igual aos homens do desfile.
O dinossauro comeu a galinha.
O dinossauro comeu os outros ovos.
Comeu os pintinhos também.
O dinossauro comeu todo o galinheiro.
O dinossauro não parava de crescer.
O dinossauro foi comendo tudo.
Comeu todo mundo na cidade.
Na outra cidade também.
O dinossauro foi morto pelo povo de outras cidades.
O povo se juntou e matou o dinossauro e o menino.

domingo, 18 de dezembro de 2011

O SALVADOR


     Atravessou a rua correndo, levou buzinada, por pouco não foi atropelado. Ofegante, acenava e gritava. Não deu tempo. Perdeu o ônibus.
     - Motorista filho-da-puta, custava esperar quinze segundos?
Colocou as mãos na cintura e ficou a olhar indignado o coletivo que se afastava.
O caminhão ainda tentou frear, mas foi em vão, acertou o ônibus em cheio. Tombou.
     - Cara, que sorte!
     - Sorte?
     - Sim, eu vi tudo, era pra cê tá lá no ônibus, cê poderia tá morto agora.
     - E você sabe se alguém morreu?
     - Não tá feliz? Cê escapô de uma boa, no mínimo taria bem machucado, deve agradecê a Deus.
     - Agradecer por quê? Perdi o ônibus.
     - Como agradecê pur quê? Perdeu o ônibus, mas tá intero, isso é obra divina. 
     - Preferia não ter perdido o ônibus, agora vou chegar atrasado no trabalho.
     - Cara! Pelo amor de Deus! Agradeça. Deus te livrô do acidente.
     - Que me livrou do acidente o quê? Se o motorista tivesse parado, perderia segundos suficientes para que o caminhão não o pegasse. Eu é que o salvaria, ele e todos os passageiros.

sábado, 17 de dezembro de 2011

CURITIBA É DO VAMPIRO


   Sempre ouvi falar que Dalton Trevisan se esconde. Quando morava em Curitiba, sonhava encontrá-lo, procurava-o pelas ruas, esperava cruzar com ele em toda esquina... Trabalho em vão, eu tinha muito a aprender. Hoje quando volto à capital paranaense não tenho mais tal pretensão. Aprendi que não se procura o Vampiro curitibano, pois ele sempre esteve ali. É fácil avistá-lo na praça Santos Andrade, acompanhá-lo em um café na Boca Maldita, vê-lo caminhando no Barigui, entrando no Guaíra, esperando o coletivo no terminal Guadalupe, comendo uma tapioca na praça da Ucrânia ou um pastel do Tadashi na Ouvidor Pardinho. Só não o vê quem não quer. O Vampiro não é de Curitiba. Curitiba é do Vampiro.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ACORREFOZ MOSTRA SUA FORÇA EM MEDIANEIRA



No domingo, 11 de dezembro, realizou-se a II Corrida de Rua dos Amigos de Medianeira. Esta prova foi organizada pelos amigos Jair, Marly, Margarete e Sandra, e teve como objetivo arrecadar alimentos para uma clínica de ex-dependentes químicos.
Sob sol forte, centenas de atletas correram pelas principais ruas de Medianeira, foram disputadas provas de 5 e 10 km. O dia foi de festa para a ACORREFOZ já que dois de seus atletas, Carlos Roberto Aquino e Sidclei Nagasawa Costa comemoravam mais um ano de vida.
Os vencedores das provas de 10 km foram: Adalberto dos Santos e Aparecida Gomes da Silva, ambos da ACORREFOZ. A equipe de Foz do Iguaçu venceu também na maioria das categorias por idade. A festa terminou com um “Parabéns pra você” no pódio, já que os dois aniversariantes do dia foram os vencedores em suas respectivas categorias.

sábado, 10 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

CAVALO BILO


À Dante, Bilac e Drummond

Caguei. Cagaste. Vinhas fatigada
E suja, e sujo e fatigado eu vinha
Tinha de vermes cheia a pança povoada
E a pança de vermes povoada eu tinha

E o serviço fizemos bem na estrada
No meio: com um sabugo limpei a minha
Bunda, a tua se mostrou tão deslumbrada
Ao sentir que o sabugo à mão continha

Alivias-te de novo... Na partida
Vejo teu esforço, rosto teu umedece,
pra deixar boa lembrança à despedida

Retribuo, abaixo as calças, forço, e tremo
Vontade não mais há, desaparece
Chega a doer tanto esforço real extremo.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

ENTRE IGUAIS

Que apodreça minha carne

E levem toda minha imundice,

Sepultem-me em negras nuvens

De terras distantes

Entre putas, santas e prostitutas,

Para que lá fique.

sábado, 12 de novembro de 2011

CONVENIÊNCIA (Angelinna Munniz)

Não gosto muito de ti,

aliás, nem pouco, se dorme,

agrada-me apenas teu sexo

que dá mate à minha fome.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PASTEL DE FEIRA

      A feira que mais gosto é a da vila Fátima, às quintas, final de tarde. A barraca fica em frente à igreja de Nossa Senhora de Fátima, igrejinha pequena; a rua São Paulo vem, divide-se, contorna a igreja e vinte metros depois se junta, nunca entendi o porquê daquela pequena igreja ilha, também não me interessa, nem católica sou e, além do mais, não é por causa da capela que aquela é minha feira predileta.
     É o meu momento durante a semana, só meu, ele chega pouco antes das seis, deve trabalhar até cinco e meia, vem direto do trabalho, usa sempre uma camisa azul e calças pretas, é uniforme, isso eu sei, só não sei onde trabalha, nenhum bordado, nenhum crachá, nenhum amigo, pouco fala.
     Sou eu quem sempre o atende, há um pacto silencioso entre eu e as outras meninas, não combinamos nada, mas Cibele atende o japonês loiro, Kátia atende o santista, eu, meu moreno que veste azul. Sei o que ele vai pedir, primeiro um pastel de carne seca com abóbora, minha mãe dizia que este vegetal faz sorrir, talvez seja por isso que ele tenha um sorriso tão lindo, vou começar a comer mais abóbora. Depois, enquanto espera pelo pastel pede uma garapa; garapa, todos falam caldo de cana, ele não, esta palavra fica tão bonita quando dita por ele, soa tão gostoso, tão perverso, parece chamar-me... ga-ra-pa... Meu Deus! Tenho que parar de pensar nisso, sou moça decente. O segundo pastel que ele pede é de broto de bambu, imagino o bambu sendo mordido por ele, aquele crék que faz. Ah! Se fossem meus... Isabela! Que pensamentos são esses? Vou tomar outro banho gelado esta noite... Uma mordida no pastel. Ah! Se o pastel fosse de broto de paixão em vez de bambu. O que estou dizendo?... Um gole de garapa, o líquido descendo pela garganta... Daria minha vida para ser um pastel, um não, o pastel, para ser apenas um gole daquela garapa... Quero sentir aqueles dentes, passar por aquela língua, descer por aquela garganta, quero... Meu Deus! Preciso de um banho gelado.
     Na quinta-feira passada ele perguntou meu nome, daqui a pouco ele chega, o que perguntará hoje?
     Ouço Cibele gritar que não tem mais pastel de broto de bambu. Ainda bem que eu deixei um escondido, sempre escondo o que é importante.
     Lá vem ele, que calor! Meu Deus! Preciso urgentemente de um banho gelado!

terça-feira, 8 de novembro de 2011


INSÔNIA

Nem sonho dormir cedo

estás sempre a me querer

fazes-me rolar no colchão

buscar diferente posição

e para o teu deleite

só durmo

após deixar meu leite

in Sônia.



CONVENIÊNCIA (de ANGELINNA MUNNIZ)

Não gosto muito de ti,

aliás, nem pouco, se dorme,

agrada-me apenas teu sexo

que dá mate à minha fome.

sábado, 5 de novembro de 2011

RESULTADO - CIRCUITO SESC - ETAPA FRANCISCO BELTRÃO - ATLETAS DE FOZ DO IGUAÇU

MASCULINO - 10KM
53º -  ADILSON BRASIL BARRETO M 47 - 00:49:14 - 6] CAT 45-49
55º -  WILSON DE SOUZA OLIVEIRA M 24 - 00:50:02 - 3º CAT 20-24
56º - JOSIEL AIRES MARTINS M 28 - 00:50:10 - 7º CAT 25-29
58º -  VOLNEI THEISEN M 33 - 00:50:37 - 7º 30-34 
59º -  OTAIR ANTONIO RODRIGUES DA PAZ M 64  - 00:50:44 - 2º 60-64
62º - ARY DINIZ M 61 FOZ DO IGUACU - BRASIL 00:51:14 - 3º CAT 60-64

FEMININO - 10KM
  3º - EDIMARA ALVES DE OLIVEIRA 37 - 00:49:38 - 2º CAT 35-39
  5º - EDNA APARECIDA FERNANDES FAGUNDES 46 - 00:53:24 - 1º CAT 45-49
17º - MARTA DINIZ  56 - 01:13:31- 1º CAT 55-59

FEMININO - 5KM

3º - FATIMA CRISTINA DA COSTA SILVA 56 - 00:27:56



FÊMEA INTRANSITIVA (de ANGELINNA MUNNIZ)

Não procure um objeto

sou intransitiva,

pouco me importa seu exibicionismo cego,

agradam-me poucos advérbios.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

SANITÁRIOS DA VIDA

Nasci bebendo leite,

Cresci roubando goiaba,

Acho que estou menstruado

de tanto comer beterraba.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

BARBRICA

Desfilem suas falsidades
Exaltem suas misérias

Exibam seus nulos poderes

Em passarelas que escondem

Desgraçada pequenez

E exuberantes

Prisioneiras do manicômio estético.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ANGELA (sem acento)

A moça no aeroporto
buscava por um rosto,
embarcou só.
Só, jamais embarcaria
se meu fosse o rosto
que buscava no aeroporto.

CAPITU SOU EU (de ANGELINNA MUNNIZ)

Claro que não, embora há quem afirme eloquente,
Antes fosse, e possuísse tão sublime olhar,
E meu amor arrastasse até o fundo do mar,
De ressaca embriagante, sensato inconsciente.

Não, eu não possuo a inocência de límpida e ardente,
Uma alma, luz, capaz não sou fazer sangrar,
Tudo a ele oferecido, meu corpo no altar
Contempla, o Amor, Senhor, soberano onisciente.

Ah! Quem dera tivesse todo teu esplendor,
Munida de marcante forma feminina
Ser, e em pleno silêncio as barreiras transpor.

Meus cabelos, se eu, tu, fosse, Capitolina,
Enfrentariam o vento em completo rubor,
Incendeias, ó bom vírus, salva-me-vacina.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MEIA MARATONA DE TOLEDO - RESULTADO (ACORREFOZ)

Desempenho dos atletas da ACORREFOZ na Meia Maratona de Toledo - 23/10/11

MASCULINO
  18º RAFAEL GOMES                                       1º CAT. 16-24   TEMPO 01:14:13
  27º ADALBERTO PEREIRA DOS SANTOS    4º          31-35                 01:16:25
  41º RAMÃO BENITEZ ARCE                          1º           46-50                01:19:35
  66º JOSÉ CARLOS CARZINO                        6º           41-45                01:28:45
  92º SIDCLEI NAGASAWA COSTA               16º           36-40                01:35:06
127º ERNANI ORI HARLOS                             6º            56-60                01:45:01
137º ADILSON BRASIL BARRETO                17º            46-50                01:46:33
139º PAULO SERGIO DARIVA                       19º           41-45                01:46:45
140º ALTAIR DE CARVALHO                          15º          51-55                 01:47:47
152º OTAIR A. RODRIGUES DA PAZ               5º          61-65                01:52:09
153º AIMAR T. MARINHO                                21º         46-50                 01:52:13
156º CARLOS A. MEDEIROS DOS SANTOS 23º          46-50                 01:53:15
157º CARLOS F. FERREIRA DE OLIVEIRA    9º            56-60                01:53:37
158º GUILHERMO CARLOS LOMBARDI         3º           66-70                01:53:37

FEMININO
  20º NILMA CRISTIANE A. RESENDE            6º           25-35                 01:45:54
  24º EDMARA ALVES DE OLIVEIRA               5º          36-40                  01:48:31
  35º CARMEM APARECIDA ARAUJO           10º          36-40                  01:56:49
  41º EDNA FAGUNDES                                   5º          46-50                  01:59:05
  46º ELECI TERESINHA C. DENES                7º          46-50                  02:08:02
  47º SILMARI APARECIDA CAMARGO          4º          41-45                  02:08:40

RÚSTICA 6KM
MASCULINO
  68º MILTON DIVINO DA SILVA                   11º           36-50                      27:26
  95º WILSON DE SOUZA OLIVEIRA            24º           16-35                      29:01

FEMININO
  14º FÁTIMA CRISTINA DA C. S. PAZ           1º            51-                         29:32
  20º HILDA DIEDRICH                                    3º            51-                         31:05


sábado, 22 de outubro de 2011

PLANALTO CENTRAL do BRASIL

     Era um tempo em que nada mais surpreendia. As vidas não rumavam como se queria, a maioria da população se havia acostumado a viver assim, poucos resistiam, e o número destes era cada vez menor.
     Filho de judeus, Gehah sempre fora um risonho estudante, porém passou-se a notar forte mudança no rapaz, que se isolara, vivia pelos cantos padecendo de certa doença. A família preocupou-se ao vê-lo assim, buscou convalescê-lo, procurou ajuda, porém não havia remédio que descobrisse o mal que corroía o jovem.
     Como alternativa, o pai do rapaz o levou a São Roque, o ar interiorano e o afastamento da capital paulista certamente fariam bem ao estudante, porém, não havia cidade tranquila em terras bandeirantes, era impossível se desligar dos acontecimentos da metrópole.
     Um tio de Gehah, ao ver que o jovem caminhava para a morte, ofereceu-se para levá-lo ao Centro-Oeste do país, lá, ele achava possível recuperar o sobrinho, era a última esperança.
     No Planalto Central do Brasil, Gehah foi levado a um homem de poucas palavras, este o olhou e diagnosticou, preparou uma bebida feita com cachaça e diversas raízes vermelhas, deitou-a na boca do rapaz, Gehah que não tinha força sequer para firmar a cabeça, de súbito, levantou-se, no entanto, inclinou-se em seguida; vomitou uma espécie de animal parecida com um cordeiro que, mal tocou o chão, saiu correndo desembestadamente, parecia temer todo o rubro que o cercava.
     - Pode ir meu filho, vá que o mundo é seu – disse o homem que curou o rapaz.
     - Agora me sinto pronto novamente, não temo mais nada – respondeu o jovem.
     Três dias depois, Gehah foi encontrado morto em São Paulo. Seu corpo trazia três balas no peito. Apesar da insistência da família, não pôde ter um sepultamento digno à religião de seus pais. Suicidas não têm esse direito.

sábado, 15 de outubro de 2011

ECO CASCAVEL 2011 - RESULTADO ATLETAS ACORREFOZ - 15/10/11

15 KM MASCULINO
GERAL     NOME                                                             CATEG.         TEMPO
  13º          ANÉSIO DE OLIVEIRA                                 2º 45-49          57:59
  35º          CARLOS ROBERTO AQUINO                     3º 50-54       1:07:34
  38º          SIDCLEI NAGASAWA COSTA                   8º 35-39       1:08:50
  55º          PAULO SÉRGIO DARIVA                          13º 45-49      1:12:25
  57º          PETERSON BACELAR MARINS               6º 30-35       1:12:59
  60º          CLAUDIR SOMAVILA                                  7º 40-44        1:13:59
  77º          FLÁVIO POTRICK                                       17º 45-49       1:16:56
  78º          IRINO DUPONT                                             9º 50-54        1:17:28
  81º         ADILSON BRASIL BARRETO                    18º 45-49        1:17:35
  88º         CARLOS F. FERREIRA DE OLIVEIRA     5º 55-59         1:18:55
  92º         JOSÉ ZARATE                                                 10º 50-54       1:20:11
103º         JOÃO VILSON LIBERGER                            7º 55-59        1:24:32
113º         VALDEMAR C. GONÇALVES                    21º 45-49        1:26:46

15 KM FEMININO
  5º            APARECIDA GOMES DA SILVA                1º 40-44        1:10:10
15º            ELECI TERESINHA C. DENES                    2º 45-49        1:32:51

10 KM MASCULINO
  2º            ADALBERTO PEREIRA DOS SANTOS                              35:47
  3º            RAMÃO BENITES ARCE                                                         37:19
44º            OTAIR A. R. DA PAZ                                      3º 60-64         50:32
47º            PAULO SÉRGIO GOMES QUINTANA     5º 30-34         50:46
60º            JOSIEL AIRES MARTINS                            6º 25-29           53:07
80º            AVEL ZARATE                                               16º 40-44           59:33
 
10 KM FEMININO
  3º            EDIMARA ALVES DE OLIVEIRA                                         50:29
  8º            PETRONILDA LIMBERGER                       2º 55-                57:23
23º            JOSEANE CRISTINA POTRICK               5º 40-44         1:09:52
25º            MARTA DINIZ                                                 3º 55-               1:14:52

05 KM MASCULINO
  8º            JORGE A. C. BORNE DE MELO                 1º 40-44            18:59
13º            JOSÉ CARLOS CARZINO                            2º 40-44            19:36
52º            JOÃO FERNANDES DA SILVA                  4º 50-54            23:47
62º            WILSON DE SOUZA OLIVEIRA                8º 20-24            24:25
74º            MILTON DIVINO DA SILVA                      8º 50-54            25:21

05 KM FEMININO
  9º            FÁTIMA C. DA COSTA S. PAZ                  1º 55-                  27:29
10º            REEM KAMEL HAMED                              2º 45-49             27:44
53º            MÁRCIA REGINA SEHN                          10º 25-29             35:04
72º            SOLANGE D. L. DE ARAÚJO                   10º 35-39             39:20

Número de atletas da Acorrefoz na prova = 34
Número de atletas da Acorrefoz que subiram no pódio = 13, sendo 3 no geral.




quarta-feira, 12 de outubro de 2011

12 DE OUTUBRO DE 2002

      D. Rosa saiu contrariada, não mais conseguia carregar seu filho, Thiago, à igreja; seguiu sozinha naquela manhã chuvosa, feriado, dia da padroeira do Brasil, pecado mortal faltar à missa, precisava rezar pelos dois.
      - Thiago! Thiago! - gritavam do portão.
      - Que foi?
      - A Ribeira, tá enchendo rápido, o povo precisa de ajuda para salvar os móvel.
      - Tô indo.
      Geralmente a chuva castigava a região em outras épocas do ano, naquele, ela surpreendeu a todos, veio de repente, e veio forte. O pessoal da vila de cima já estava acostumado a socorrer o da vila de baixo, a correria foi geral.
      - Vamos Lauro! Vamos que sua casa está inundando! - gritou Thiago ao ver que aquele não se movia devido à bebedeira.
      - Num isquenta! Num isquenta que o Brasil é penta – respondeu o bêbado.
      Próximo ao meio dia, a senhora católica voltou da missa, e assustou-se ao ver a rua deserta, ao avistar Tiquinho, um menino molambento da vizinhança, perguntou:
      - Ué! Cadê o povo?
      - Tá tudo lá imbaixo, a Ribera istorô.
      - Cê viu o Thiago?
      - Tá lá também. A sinhora não vai ajudá?
      - Não, tô cansada, preciso descansá.
      Faltavam quinze minutos para as sete da noite quanto Thiago entrou em casa, sua mãe foi logo falando:
      -Que demora!
      - Muita trabalheira, mas todos saíram.
      - Corre tomá banho que espero pra ir na missa.
      - Não vou, mãe.
      - Não vai?
      - Estou muito cansado.
      - Cansado? Pra Deus nunca devemos está cansado. Desse jeito não vai pro céu. Só quem pratica o bem vai pro céu.
Foz do Iguaçu, 12 de Outubro de 2011.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

BRINQUEDO HOMEM (de ANGELINNA MUNNIZ)

Pensas que sou tua?

Que sou teu objeto?

Que sempre receber-te-ei

Quando bem quiseres?

Não percebeste ainda

Que me divirto contigo

E que se te recebo

Entre minhas pernas

É porque gosto (e preciso) do teu sexo

E nada mais!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

GERMINARE (texto de Angelinna Munniz)

E germinam tão insólitos, concretos

Teus pensamentos, sobras de um passado

Insano e frio, corroído e maculado,

Imundo e corrompido desde feto.


Ver não querem, cenário vil completo,

Meus olhos, teu calvário, triste fado,

Fora de cemitério sepultado,

Abrigas um império, lar de insetos.


Corpo em degradação, alma já não sente,

Meu inerme coração, sofre, incendeia,

Se choras, não se vê e olhas fixamente.


Banquete então se fez, viraste ceia,

Vê-se apenas diabólica serpente,

Rastejas, voraz, sórdida na areia

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MARATONA INTERNACIONAL DE FOZ DO IGUAÇU - 25/09/11

Posso dizer que sou um maratonista, apesar de não ter completado a prova no tempo desejado. Queria correr abaixo de 3:30, mas no km 23 senti minha panturrilha direita e, a partir dali, corri para chegar, cheguei ao km 23 com 1:45, demorei mais 2:28 para fazer os 19 km restantes. Não deu, mas me prepararei melhor no próximo ano. Comecei a levar a sério as corridas de rua em maio deste ano, cinco meses. Se eu não fui tão bem, o mesmo não se pode dizer de muitos da ACORREFOZ. Resultado dos corredores desta.

FEMININO:
13º APARECIDA GOMES DA SILVA              3ª NA CAT. 30-34     03:25:33
27º NILMA CRISTIANE ANDALICIO             2ª                  25-29     04:02:04    
28º EDIMARA ALVES DE OLIVEIRA              3ª                  35-39     04:02:25    
36º EDNA APARECIDA FERNANDES            4ª                  45-49     04:17:47
As quatro corredoras da ACORREFOZ que participaram da prova alcançaram o pódio em suas categorias.

MASCULINO:
  36º RAMAO BENITEZ ARCE                           1º NA CAT. 50-54     02:48:25
  52º ANEZIO DE OLIVEIRA                            13º                  45-49     02:59:37
  70º JOSE CARLOS CARZINO                         12º                 40-44     03:10:43           
  84º CARLOS ROBERTO AQUINO                 12º                  50-54     03:18:42
124º ABIDENIO LIMA DE MEDEIROS           20º                  35-39     03:37:18
149º PAULO SERGIO DARIVA                        28º                  45-49     03:44:00
160º RAIMUNDO RAMOS DOS SANTOS       22º                  50-54    03:48:04
173º ADILSON BRASIL BARRETO                 31º                  45-49    03:53:15
190º CLAUDIR SOMAVILA                             36º                  40-44     03:57:40
214º JOAO CARVALHO TAVARES                17º                  55-59     04:07:26           
221º CARLOS FERNANDES FERREIRA        18º                  55-59     04:10:39  
223º DIRSON LUIZ ROHDEN                          19º                  55-59     04:11:03   
224º ALTAIR DE CARVALHO                         25º                  50-54    04:11:11
231º SIDCLEI NAGASAWA COSTA               42º                   35-39    04:13:32   
233º FLAVIO POTRICK                                    47º                   45-49    04:13:35     
234º GUILLERMO CARLOS LOMBARDI      11º                   65-69    04:13:43  
243º JOBERSON APARECIDO MATIAS        44º                   35-39    04:16:22
260º ARY DINIZ                                                13º                   60-64    04:24:49
276º VALDECIR GARCIA                                37º                   40-44    04:31:45
301º GIOVANI PAZ GARCIA                          36º                    50-54    04:49:06

Destaco também a participação da atleta Maura da Costa da Silva, de Marechal Rondon, primeira colocada na categoria 25-29, com 03:39:14. O detalhe é que, até então, 10 km era a prova mais longa disputada pela atleta.

sábado, 1 de outubro de 2011

RUA DA SAUDADE


          Posso dizer que ela foi o meu verdadeiro amor. Passava por um terrível momento quando a conheci. Amei-a desde o primeiro momento. A única que realmente me entendeu.
          O caminho que percorria para encontrá-la era maravilhoso, flores das mais variadas espécies e cores em meio a pedras que evoluíram com a ajuda de mãos humanas.
          Sua casa era simples se comparada às da vizinhança, havia muita gente rica por lá, muitos japoneses, verdadeiros artistas da arquitetura, se sua família tinha dinheiro, não demonstrava.
          Hoje é três de novembro. Ontem, fez vinte e cinco anos que a vi pela última vez, jamais esqueci a data. Nosso amor era segredo, e aquele foi um dia movimentado em seu bairro, conversava com ela quando minha mãe nos surpreendeu. Amor proibido, não entendi o motivo, acho que ainda não entendo, amo-a, nunca mais a vi, mas ainda a amo.
          Muitos anos depois, casei-me, tenho uma esposa maravilhosa e uma linda filha. Se sou feliz? Se levar uma vida estável e igual a da maioria é ser feliz. Sim... Não, não vivi meu grande amor!
          Guardo até hoje a última imagem que dela vi, naquela foto, tão linda. Lembro-me também dos números gravados na parede de sua casa       
* 11/12/1970       
+ 11/12/1985, na rua da saudade.

Poesias de minha amiga ANGELINNA MUNNIZ*


A MAIOR DO MUNDO

Foz do Iguaçu,

Cidade onde o Brasil faz fronteira com a Colômbia,

E o Paraná com as demais unidades da federação.



RECOMEÇO

Vivo sozinha no mundo com tua tristeza,

Vivo feliz, vives amargurado,

Comprei um sapato antiescorregante e luvas estabilizantes

E consertei o meu telhado.



DEVANEIRO

Às vésperas de completar

As vésperas são quase o completar

Se as vésperas antecedem às completas

As vésperas por si só se explicam

Desnecessário o “de completar”.



PROGRESSO

Estudou nas ruas

Iniciou em uma banca de jornal

Formou-se em um supermercado

Graduou-se no antigo banco do estado

Sonha chegar à capital federal

Quem possui talento excepcional

Em sua arte lá faz doutorado.



O ROSTO

O rosto do lado oposto

Não se vê

Vê senão

O posto do lado do rosto

* Angelinna Munniz é uma menina muito tímida, difícil encontrá-la, às vezes a procuro, mas nem sempre a encontro, porém, há dias em que ela aparece do nada. Como eu gostaria que ela estivesse sempre por perto.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

CAPITÃO TOALHA


O imenso mar, meu mundo. Eu, meu barco e o mar; velejava em águas calmas, porém nunca fora muito chegado à tranquilidade, calmaria me deixava inquieto, gostava de ação.
Eu, meu barco, o mar e a tempestade, tempestade que chegara sem se anunciar, mesmo conhecedor do tempo em oceanos não havia como prevê-la, meu veleiro balançava, sentia que ele podia virar a qualquer momento. Esperei pelo pior, já imaginava o que faria quando me visse solto na água, seria meu fim, mas um herói como eu não se entregaria facilmente, lutaria pela vida enquanto houvesse possibilidade de mantê-la.
- Filho! Filho!
Parecia escutar a voz de minha mãe, respondi:
- Ainda não, ficarei mais um pouco aqui.
- Chega, meu filho! Já ficou tempo demais.
- Guardo boas recordações de minha mãe, mas mães muitas vezes nos fazem deixar de sonhar, fazem-nos voltar à realidade.
- Por que mãe? Por que não posso ficar mais?
- Por favor, filho. Vem!
Decidi não mais responder, continuaria lutando bravamente, afinal de contas, eu era ou não um herói?
- Já falei que chega de água por hoje!
Minha mãe virou a bacia, vi meu mar esvaziar-se ralo abaixo, naquele momento eu deixava de ser o Capitão Maré e me transformava no Capitão Toalha.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O FIM DO XIBÉ

          Todas as mulheres da cidade invejavam a beleza de Luana, e nenhum homem passava por ela sem virar o pescoço. Moça educada, culta, mulher para casar, e o felizardo era conhecido por todos. Eduardo era um rapaz belo e de uma refinada educação, não trabalhava na medicina há muito tempo, porém, era muito bem conceituado na comunidade. Namoravam fazia já muito tempo e nem a distância durante os tempos de faculdade do rapaz fora capaz de diminuir o belo sentimento que nutriam um pelo outro, era geral a certeza de que aquele seria um amor que duraria pelo resto de suas vidas. Não havia na região casal mais belo que aquele, caminhavam todas as tardes por pelo menos meia-hora esbanjando graça e saúde, pareciam viver um verdadeiro conto de fadas.
A cidade inteira conhecia Xibé, ninguém sabia de onde ele veio, na verdade, ninguém sabia nada sobre o seu passado, ele nada falava sobre isso, aliás, era difícil arrancar uma só palavra de sua boca. Por que Xibé? Porque alguém um dia resolveu chamá-lo assim, ele dizia não ter nome e foi então que alguém disse: “Ele é feio como Xibé”, o apelido pegou e nunca mais alguém o chamou de outro nome. Xibé não era feio, pois, para poder ser chamado de feio precisaria melhorar muito, tudo nele era torto: as pernas, a coluna, os dentes, o pescoço. Morava em um casebre dentro do próprio cemitério e pagava o seu cantinho e a comida que recebia com o seu trabalho ali. As crianças morriam de medo dele, as mães amedrontavam os filhos esbravejando: “Se fizer isso o Xibé vem te pegar”, ou “Olha que o Xibé passa e te leva”. Xibé servia para exemplo até para as crianças que não queriam estudar: “Olha o que acontece com quem não estuda, fica igual ao Xibé”. Não se sabia se ele era feliz, pois, nunca demonstrava qualquer sentimento, quando não estava trabalhando vivia no boteco bebendo e as poucas conversas que tinha eram lá, contava histórias difíceis de acreditar, de coisas que afirmava acontecerem durante as madrugadas no cemitério.
Faltava um mês para o casamento entre Eduardo e Luana quando ela caiu na cama, foi uma doença um tanto estranha que a derrubou de uma hora para outra, o noivo não saia do seu lado, tentou estudar o caso, tentou buscar um medicamento eficaz, porém, não teve tempo, pouco mais de vinte e quatro horas depois de adoecer sua noiva já estava sem vida.
Foi um baque tremendo para os pais, não foi nada fácil ver a menina que tinha uma promissora vida pela frente toda feliz um dia e morta no dia seguinte. O noivo não se conformava, sentia-se incapaz, culpado, salvara tantas vidas e não fora capaz de encontrar a cura para a doença daquela que tanto amara.
O velório foi comovente, toda a cidade chorou pela sua mais bela filha. O enterro foi triste, Xibé estava lá fazendo o seu trabalho, o noivo se recusava a separar-se do caixão, o comércio todo fechou, todos pararam para se despedir, a população deixou o cemitério certa de que não esqueceria aquele triste dia.
Eduardo passou a fazer certo ritual diário. Todos os dias antes de ir para o trabalho passava no túmulo de Luana e lá ficava conversando com ela por algum tempo, deixava uma flor e saia, era comovente ver a cena que aconteceu até o dia anterior ao que Eduardo saiu aos berros portão afora:
- Violaram o túmulo dela! Violaram o túmulo dela!
Logo a notícia se espalhou e toda a cidade pode comprovar que tudo era a mais pura verdade, não se comentava mais nada que não fosse o roubo da defunta, e de conversa aqui, conversa ali, alguém disse ter visto o Xibé sair na madrugada anterior do cemitério com um corpo. A conversa se espalhou como cheiro de feijoada em manhã de sábado e não tardou para um grupo liderado por Eduardo encaminhar-se até o cemitério.
A comitiva se dirigiu em direção a Xibé que não entendeu nada, alguns carregavam paus, outros, pedras e até ferros, ao perceber que ele era o alvo do ataque Xibé começou a correr, a multidão furiosa correu atrás o encurralando contra o muro.
- Vamos matá-lo – gritou alguém da multidão.
- Não, esperem, se o matarmos podemos nunca saber onde ele colocou o corpo – gritou outro.
- Fale então desgraçado, ou vai morrer – gritou um terceiro.
- O doutor sabe muito bem onde ela está – respondeu o pobre coitado, olhando para Eduardo.
Mal teve tempo de terminar a frase e o infeliz caiu ao chão, vítima de uma porretada que fora disparada pelo doutor, morreu ali mesmo apedrejado, seu sangue continua hoje lá tingindo o muro lateral do cemitério.
Ninguém foi parar atrás das grades porque o coitado não tinha quem reclamasse por ele e todos os jurados concordaram que o noivo agiu por forte emoção. Naquele dia, após sair do tribunal, Eduardo passou na casa dos “sogros”, depois foi até um bar que comumente frequentava, jantou e foi para casa, tomou seu banho e foi para a cama, porém, ao deitar-se fez as mesmas coisas que fazia há algum tempo: beijou sua noiva, desejou boa noite, prometeu nunca afastar-se dela e amá-la por toda a sua vida.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

TUDO VALE A PENA / SE A BUNDA NÃO É PEQUENA

A televisão me deixou burro, muito burro demais...” (TITÃS)

Acabarei não mais ligando minha TV, ainda insistia em manter esse aparelho em funcionamento duas ou três vezes por semana. Amante do esporte que tem como rei um negro que trajava manto branco, ainda persistia em acompanhá-lo, mas a televisão está fazendo com que até o futebol perca a graça.
Pelé socava o ar, Neto deslizava de joelhos na grama, Alessandro dava cambalhotas, Lela fazia caretas, Borges, felizmente, ainda dá seus mortais. O gol, o clímax, o orgasmo do futebol, o momento único para o goleador, seu companheiro e para milhares de torcedores que anseiam por ver a explosão de alegria de seu artilheiro.
O futebol evoluiu, mas ainda é o mesmo, o sentimento da torcida também. A bola cruza a linha da cal paralela ao travessão. “O matador” corre, balança o corpo para a direita, para a esquerda, exatamente como fizeram os autores dos três gols anteriores na partida, inclusive o da equipe adversária. Cadê a graça? Cadê a marca registrada do artilheiro? Ou, simplesmente, a liberação das emoções guardadas para tal momento? O grito de alegria? O inusitado?
Só hoje, segunda-feira, durante uma conversa com amigos de trabalho, descobri o motivo de se comemorar o orgasmo futebolístico de mecânica forma, uma campanha de um programa de TV. Tomei meu cafezinho e deixei meus amigos no momento em que começavam a falar sobre um daqueles televisivos programas domingueiros, ainda os ouvi dizer:
- Você viu a vencedora do Big Brothel Brasil no Falsão?
- Fantástica!
- Viu o que ela disse quando perguntada se valeu a pena?
- Nossa! Depois de tanto sacrifício naquela casa, uma verdadeira heroína. Ela foi perfeita.
- Não assisti. O que ela disse?
- Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena.
Pobre Fernando Pessoa.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O PRAZER DO CRÉK

           Poucas coisas na vida dão tanto prazer quanto matar baratas. O sentimento de matar uma barata é como o de fazer um gol, porém, como não se faz um gol de qualquer jeito, não se matam estes seres kafkianos com desdém.

Não gosto de matar baratas na parede, primeiro as derrubo e depois... crék, um pisão só, concluí que o importante não é matar o inseto e sim o prazer que este ato proporciona.

Devido a isso, desenvolvi algumas técnicas especiais. Como já disse, matar na parede não tem graça, assim como matá-la voando ou com o uso de inseticida. O lance está em ver o inseto cair e tentar fugir. Deve-se dar chance a ele de correr. A barata “pensar” que pode escapar também é prazeroso, por isso faz-se com que ela apenas caia ao chão, sem machucá-la, porém, o prazer do crék, ah! O prazer do crék!

Para executar um bom crék é necessário um calçado especial, não pode ser qualquer chinelo, tenho um bem surradinho, todo ressecado que é de uso exclusivo para este fim, é uma perfeição o crék que ele inflige, e crék perfeito não é assim tão fácil de obter.

O crék perfeito é como um gol de placa, o “atleta”, sim, pois o matador de baratas deve assim ser chamado, afinal de contas, matar baratas é um esporte que exige preparo físico e emocional, concentração, técnica, paciência e habilidade. Bem, o atleta deixa que a barata corra alguns decímetros e com o seu calçado mais adequado ao esporte dá um salto, que deve ser superior a 75 cm, e crék. Vale lembrar, que esmagar o bichinho não é legal e mesmo que haja crék não há prazer quando isto acontece, por isso, o salto deve ser muito bem calculado e a lateral dianteira do pisante deve atingir pouco mais que a cabeça do meliante.

Agora, vou colocar meu chinelo e irei à cozinha, se der sorte, ao acender a lâmpada encontrarei uma por lá “me esperando” e se der tudo certo ainda obtenho meu crék na primeira tentativa, estando assim, pronto para me encontrar com Claudinha e em seu corpo ter o meu segundo orgasmo no dia.

Claudinha não é uma maravilha de mulher, mas tem lá suas qualidades, além de dividir o apartamento com algumas “cucarachas”. Depois do sexo tenho grande chance de um terceiro orgasmo.

domingo, 25 de setembro de 2011

CARTA DE DESPEDIDA

Se eu morrer esta noite, morrerei feliz,

Morrerei da forma que eu sempre quis.

Se eu morrer esta noite não será por me encontrar a beira do precipício,

não quero choro, só aceito o choro de Vinícius,

que seja respirar, e chorar, e adormecer, e se nutrir de amor para poder chorar.

Esta noite não quero o olhar,

a não ser que sejam de Capitu, olhos de ressaca,

em meu peito nu esta faca.

Não quero mais este mundo, não me acuda.

só quero beijos se forem mais profundos que este abismo de Neruda.

Se morrer esta noite

Não me coloquem em um caixão.

Digam ao Nilton que irei ao lançamento de seu livro, carregar-me-ão?

A cidade cheira a pêssego e ópio

Jeane procura cronópios.

E eu já morro aos poucos

Sentirei saudade das aulas do Amarildo e Rita.

Mas que Deus permita

Que eu morra esta noite

Que eu não acorde com o Sol

Morro feliz, reencontrei Carol.

E amei cada um de vocês,

família TCC.

Façam um sarau

Falem sobre Kafka, Dickens, Balzac e Sthendal.

Chamem os russos, Dostoiévski, Tólstoi, Púchkin,

Tchêkhov, Gorki, Turguêniev e Grin.

Convidem Márquez, Llosa, Fitzgerald, Autran Dourado,

Ignácio, os Rubems, Andrade e Machado,

Quero os Verissimos, Lygia, Clarice e Quintana.

Parte minh'alma insana

esvai-se no regato

entre Ramos, Rosa, Leminski, Lobato,

Rachel, Trevisan, Drummond e Azevedos

É tarde, eu sei, já morri, e do escuro não tive medo,

mas tinha uma pedra no meio do caminho.

E se perguntarem se eu passarei, diga que eles passarão,

eu passarinho

Foz do Iguaçu, 16 de Setembro de 2011.