Atravessou
a rua correndo, levou buzinada, por pouco não foi atropelado.
Ofegante, acenava e gritava. Não deu tempo. Perdeu o ônibus.
- Motorista
filho-da-puta, custava esperar quinze segundos?
Colocou
as mãos na cintura e ficou a olhar indignado o coletivo que se
afastava.
O
caminhão ainda tentou frear, mas foi em vão, acertou o ônibus em
cheio. Tombou.
- Cara,
que sorte!
- Sorte?
- Sim,
eu vi tudo, era pra cê tá lá no ônibus, cê poderia tá morto
agora.
- E
você sabe se alguém morreu?
- Não
tá feliz? Cê escapô de uma boa, no mínimo taria bem machucado,
deve agradecê a Deus.
- Agradecer
por quê? Perdi o ônibus.
- Como
agradecê pur quê? Perdeu o ônibus, mas tá intero, isso é obra
divina.
- Preferia
não ter perdido o ônibus, agora vou chegar atrasado no trabalho.
- Cara!
Pelo amor de Deus! Agradeça. Deus te livrô do acidente.
- Que
me livrou do acidente o quê? Se o motorista tivesse parado,
perderia segundos suficientes para que o caminhão não o pegasse.
Eu é que o salvaria, ele e todos os passageiros.
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