quarta-feira, 17 de outubro de 2012

12 DE OUTUBRO



D. Rosa saiu contrariada, não mais conseguia carregar Thiago, seu filho à igreja; seguiu sozinha naquela manhã chuvosa, feriado, dia da padroeira do Brasil, pecado mortal faltar à missa. Precisava rezar pelos dois.
  • Thiago! Thiago! - gritavam do portão.
  • Que foi?
  • A Ribeira tá enchendo rápido, o povo precisa de ajuda para salvar os móvel.
  • Tô indo.
Geralmente a chuva castigava a região em outras épocas do ano, naquele, ela surpreendera a todos, veio de repente, e veio forte. O pessoal da vila de cima já estava acostumado a socorrer o da de baixo, a correria foi geral.
  • Vamos Lauro! Vamos que sua casa está inundando! - gritou Thiago ao ver que o homem não se movia devido à bebedeira.
  • Num isquenta! Num isquenta que o Brasil é penta – respondeu o bêbado.
Próximo ao meio dia, a senhora católica voltou da missa e assustou-se ao ver a rua deserta. Ao avistar Tiquinho, um menino molambento da vizinhança, perguntou:
  • Ué! Cadê o povo?
  • Tá tudo lá imbaixo, a Ribera istorô.
  • Cê viu o Thiago?
  • Tá lá também. A sinhora não vai ajudá?
  • Não, tô cansada, preciso descansá.
Faltavam quinze minutos para as sete da noite quanto Thiago entrou em casa, sua mãe foi logo falando:
  • Que demora!
  • Muita trabalheira, mas todos saíram.
  • Corre tomá banho que espero pra ir na missa.
  • Não vou, mãe.
  • Não vai?
  • Estou muito cansado.
  • Cansado? Pra Deus nunca devemos está cansado. Desse jeito não vai pro céu.

Um comentário:

  1. Este foi um dos contos vencedores da VI CLIPP - Presidente Prudente. O lançamento do livro acontece em 27 de outubro de 2012.

    ResponderExcluir