quinta-feira, 25 de setembro de 2014

TUDO EM FAMÍLIA

        Eles nasceram no dia de natal, por isso, seus pais não tiveram dúvida ao escolherem seus nomes. Natan e Natália eram lindos, não desgrudavam nunca, estudavam juntos, tiravam notas altas e parecidas, brincavam com os mesmos brinquedos... Natan sempre protegia a irmã, e ela sempre encobria as traquinagens do irmão. Todos admiravam o amor que sentiam um pelo outro, os pais se orgulhavam de vê-los tão unidos.
Os dois cresceram e, quando entraram na fase dos namoros, não deram trabalho a seus pais. Saíam sempre juntos pela noite. Em uma dessas noites, Natan conheceu uma linda garota, pela qual se apaixonou fervorosamente, Natália aprovou o namoro e se tornou muito amiga da cunhada, e através de Luísa, esse era o nome da namorada de seu irmão, conheceu Luís, que nascera no mesmo dia e viera do mesmo ventre que Luísa. Ficaria tudo em família!
Quando saíam, os quatro iam juntos. Onde antes se acostumara a ver dois, agora se viam quatro.
Marcaram o casamento para o mesmo dia. Casaram-se na capela Nossa Senhora de Fátima. Naquele dia, não existia família mais feliz, os pais eram só alegria, como era bom ver os filhos bem casados e unidos até na hora de contrair núpcias, foi como se as duas famílias se acoplassem naquele momento. Os pais deixaram de ter dois filhos e passaram a ter quatro. Ficou tudo em família!
O início da vida conjugal foi espetaculoso. Em um domingo o almoço era na casa dos Gomes, os pais de Natan e Natália, no outro, dos Monteiro, pais da outra parte da família.
Moravam no mesmo bairro e na mesma rua, se faltava açúcar na casa de um, era só correr a casa do outro, se alguém tivesse uma dor de barriga no meio da madrugada, os irmãos acudiam, sentiam-se bem em poderem se socorrer.
Os homens eram sócios em uma loja de materiais para construção, as mulheres, professoras, porém em colégios diferentes. Eles não tinham hora certa para chegar em suas casas, no entanto nunca trabalhavam até muito tarde. Elas, no máximo, seis da tarde já estavam em seus lares.
Inicialmente, continuavam a sair como nos tempos de namoro, sempre os quatro, porém, como já dizia Mário Prata, ou seria Miguel Paiva? “Homem gosta de homem!” Veio a fase do futebol, das discussões depois do futebol; das rodadas de cerveja para falar da bunda da gostosa da Glória, que ia sempre à loja com aqueles seios pedindo para serem tirados do sutiã; das pescarias em que não se pescava nada, nem piranha; enfim, destas e outras coisas que mulher não gosta, só homem entende. Foi durante essa fase que surgiu o futebol de quinta à noite. Ambos gostavam de futebol, porém não praticavam esporte algum, daí veio a desconfiança das esposas, a resposta deles já estava pronta:
- Chega de sedentarismo, vamos virar atletas!
- Mas nunca vimos vocês jogarem futebol!
- Nunca é tarde para começar.
Claro que nunca iriam virar atletas. Para elas, isso mais parecia desculpa para uma escapada, no entanto, eles não davam motivos para elas desconfiarem que tinham outra. Decidiram acreditar no tal futebol.
Nas primeiras quintas-feiras, os homens iam ao futebol e elas ao cinema. No início, a invenção dos irmãos Lumière foi um ótimo programa, sentiam-se felizes juntas, porém, com o passar do tempo, aquilo foi enchendo, a fila incomodava e até a pipoca parecia não ter o mesmo gosto. Estava tudo muito mecânico, decidiram mudar de programa, e, na quinta seguinte, Luísa passou na locadora, pegou um DVD e foi à casa de Natália, lá assistiriam sem precisar se deslocar, lá se sentiriam mais à vontade. E Natália estava mesmo à vontade, tão à vontade que vestia uma camisola transparente. O filme era até interessante, Luísa, no entanto, prestara mais atenção na cunhada do que na tela e assim que os créditos apareceram, dirigiu a palavra a Natália:
- Sua camisola é linda!
- Gostou mesmo?
- Sim, muito.
- Comprei ontem. Uma menina, que trabalha no colégio, vende.
- Que legal!
- Se quiser comprar, ela deixa trazer para você ver.
- Será?
- Claro que sim. Quer ver a outra que comprei?
- Comprou outra?
- Sim, quer ver?
- Quero!
As duas subiram ao quarto.
- É linda, mas gostei mais da que você está usando.
- Acho que ela fica bem em você.
- Será?
- Quer experimentar?
- Não sei, fico envergonhada.
- Qual é? Somos quase irmãs.
- Quase irmãs... na verdade... cunhadas.
- Põe, fiquei curiosa para ver como fica em você.
- Tudo bem, me passa então!
Natália começou a se despir. Já havia deixado cair uma alça, deixando à mostra o seio esquerdo quando ouviram o barulho do portão, ao olhar pela janela, Luísa constatou que seus maridos estavam chegando.
- São eles!
- Vai descendo que irei em seguida.
Luísa nunca havia descido aquelas escadas com tamanha velocidade como naquela noite. Sentou-se no sofá e fingiu estar assistindo TV quando os dois entraram, Natália apareceu em seguida trajando uma camiseta e calças legging.
A esposa de Natan chegou excitadíssima a sua casa. Como podia a cunhada tê-la deixado toda molhada? Tentou apagar o incêndio que consumia seu sexo com o marido, porém este, após o banho, virou para o outro lado e cinco minutos depois roncava. Luísa se viu obrigada a saciar-se com as próprias mãos. Enquanto tocava-se, imaginava a cunhada: o seio à mostra, ela mordiscando aqueles mamilos, degustando-os com sua língua, a parte proibida que ela vira e imaginou como seria o que não avistara. Gozou... Dormiu pensando que sempre ouvira dizer que homem tem tara pela cunhada e ria sozinha ao pensar na esposa de seu irmão.
Na outra casa, Natália experimentara um sentimento diferente e gostoso em relação à cunhada. Não fez sexo naquela noite, nem sozinha, porém, ao tirar a calcinha, constatou que estava encharcada.
As duas passaram a imaginar como seria a próxima quinta-feira. Sentiram medo. Sentiram-se anormais. Sentiram-se como se estivessem fazendo algo muito errado, porém, o proibido parecia excitá-las.          
Como prometera, Natália trouxe as tais camisolas para Luísa, que acabou comprando algumas peças, a cunhada ainda comentou que seu irmão ficaria feliz ao vê-la por baixo de uma embalagem tão excitante.
Na quinta-feira, assim que os homens saíram para o futebol, Natália dirigiu-se à casa da cunhada. Conforme haviam combinado, cada dia o filme seria em uma casa. DVD em mãos. A cunhada a esperava vestindo uma linda e sensual camisola preta. Mal o filme começou e a dona da casa percebeu a intenção da cunhada, o filme era quentíssimo. Não havia nada ali que fosse capaz de segurar o desejo que uma sentia pela outra. Foi uma experiência nova e muito prazerosa, aliás, ambas jamais haviam experimentado sexo tão bom. Gozaram de uma forma que jamais imaginavam ser possível, e várias vezes. Descobriram que só uma mulher sabe exatamente onde a outra gosta de ser tocada, só uma mulher sabe quais são os pontos que levam outra à loucura, só uma mulher sabe fazer uma “borboleta de Vênus” perfeita.
As quintas-feiras passaram a ser os dias mais gostosos de suas vidas desde então. Às vezes, até tinham sexo com os maridos em alguns outros dias da semana, porém nunca era como quinta Pensaram em se encontrarem em outros dias, mas logo concluíram que não seria bom. Uma vez por semana estava ótimo, mais, estragaria.
Em uma dessas quintas, ainda na cama, Luísa comentou com a cunhada:
- Estou desconfiada que seu irmão é gay.
- Por quê?
- Andei achando algumas coisas esquisitas entre as suas coisas de  futebol.
- O quê?
- Algumas coisas estranhas.
- Fala logo. O quê?
- Lubrificante e camisinhas.
- Puta merda!
- Natália! Já parou para pensar em uma coisa?
- O quê?
- Este futebol deles, sempre tão demorado...
- Ainda bem, assim temos bastante tempo.
- Não é isso que quero dizer! Nunca desconfiou de nada?
- De quê?
- E se eles tiverem um caso? Se eles forem gays?
            - E daí? Fica tudo em família

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