“A
televisão me deixou burro, muito burro demais...” (TITÃS)
Acabarei não mais
ligando minha TV, ainda insistia em manter esse aparelho em
funcionamento duas ou três vezes por semana. Amante do esporte que
tem como rei um negro que trajava manto branco, ainda persistia em
acompanhá-lo, mas a televisão está fazendo com que até o futebol
perca a graça.
Pelé socava o ar,
Neto deslizava de joelhos na grama, Alessandro dava cambalhotas, Lela
fazia caretas, Borges, felizmente, ainda dá seus mortais. O gol, o
clímax, o orgasmo do futebol, o momento único para o goleador, seu
companheiro e para milhares de torcedores que anseiam por ver a
explosão de alegria de seu artilheiro.
O futebol evoluiu,
mas ainda é o mesmo, o sentimento da torcida também. A bola cruza a
linha da cal paralela ao travessão. “O matador” corre, balança
o corpo para a direita, para a esquerda, exatamente como fizeram os
autores dos três gols anteriores na partida, inclusive o da equipe
adversária. Cadê a graça? Cadê a marca registrada do artilheiro?
Ou, simplesmente, a liberação das emoções guardadas para tal
momento? O grito de alegria? O inusitado?
Só hoje,
segunda-feira, durante uma conversa com amigos de trabalho, descobri
o motivo de se comemorar o orgasmo futebolístico de mecânica forma,
uma campanha de um programa de TV. Tomei meu cafezinho e deixei meus
amigos no momento em que começavam a falar sobre um daqueles
televisivos programas domingueiros, ainda os ouvi dizer:
- Você viu a
vencedora do Big Brothel Brasil no Falsão?
- Fantástica!
- Viu o que ela
disse quando perguntada se valeu a pena?
- Nossa! Depois de
tanto sacrifício naquela casa, uma verdadeira heroína. Ela foi
perfeita.
- Não assisti. O
que ela disse?
- Tudo vale a pena /
Se a alma não é pequena.
Pobre Fernando
Pessoa.
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