Filho
de judeus, Gehah sempre fora um risonho estudante, porém passou-se a
notar forte mudança no rapaz, que se isolara, vivia pelos cantos
padecendo de certa doença. A família preocupou-se ao vê-lo assim,
buscou convalescê-lo, procurou ajuda, porém não havia remédio que
descobrisse o mal que corroía o jovem.
Como
alternativa, o pai do rapaz o levou a São Roque, o ar interiorano e
o afastamento da capital paulista certamente fariam bem ao estudante,
porém, não havia cidade tranquila em terras bandeirantes, era
impossível se desligar dos acontecimentos da metrópole.
Um
tio de Gehah, ao ver que o jovem caminhava para a morte, ofereceu-se
para levá-lo ao Centro-Oeste do país, lá, ele achava possível
recuperar o sobrinho, era a última esperança.No Planalto Central do Brasil, Gehah foi levado a um homem de poucas palavras, este o olhou e diagnosticou, preparou uma bebida feita com cachaça e diversas raízes vermelhas, deitou-a na boca do rapaz, Gehah que não tinha força sequer para firmar a cabeça, de súbito, levantou-se, no entanto, inclinou-se em seguida; vomitou uma espécie de animal parecida com um cordeiro que, mal tocou o chão, saiu correndo desembestadamente, parecia temer todo o rubro que o cercava.
- Pode ir meu filho, vá que o mundo é seu – disse o homem que curou o rapaz.
- Agora me sinto pronto novamente, não temo mais nada – respondeu o jovem.
Três dias depois, Gehah foi encontrado morto em São Paulo. Seu corpo trazia três balas no peito. Apesar da insistência da família, não pôde ter um sepultamento digno à religião de seus pais. Suicidas não têm esse direito.
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